Meryl Streep com seu prêmio BAFTA

Foto: Paul Grover

Acompanhar a corrida ao Oscar é uma faca de dois gumes. Por um lado, ninguém que seguiu as outras premiações esperava que certos blockbusters entrassem na lista final da Academia. Por outro, é impossível assistir premiações como o Globo de Ouro e o BAFTA Awards e não se sentir entediado com o caminho de certas categorias. Depois de um tempo, você acaba se sentindo instigado a torcer para que alguma zebra aconteça apenas para que a noite torne-se um pouco mais emocionante.

Em 26 de fevereiro, assim como aconteceu ontem, Octavia Spencer, Christopher Plummer e Michel Hazanavicius vão ouvir seus nomes e receber a tão cobiçada estátua do homem nu. Os discursos provavelmente serão repletos de lágrimas e palavras humildes e falsas surpresas e, frankly my dear, I won’t give a damn.

A categoria de Melhor Atriz, porém, tem potencial para ser muito mais interessante. Sim, a vitória de Meryl Streep no BAFTA, ao contrário do Oscar, era extremamente previsível. A academia britânica não se mostrou encantada com Histórias Cruzadas e a atriz era indicada por interpretar um ícone inglês em um filme muito mais bem recebido no Reino Unido do que nos EUA.

Colin Firth coloca sapato em Meryl Streep

O que ninguém esperava era o momento CinderMeryl. Dando continuidade à tradição começada no Globo de Ouro, onde esqueceu seus óculos, Streep conseguiu – em um espaço de segundos – deixar sua bolsa com uma pessoa aleatória da audiência – que acabou sendo a atriz Shailene Woodley – perder seu sapato na escada, decidir que se abaixar para pegar o sapato seria coisa para meros mortais, ir ao pódio, quase cair no meio do caminho, deixar Colin Firth satisfazer seu complexo de Príncipe Encantado e concluir a noite com um discurso simplesmente brilhante.

Eu defenderei até o fim que a atuação dela em A Dama de Ferro é superior àquela de Viola Davis em Histórias Cruzadas mas, independentemente de mérito, uma vitória de Streep é a minha maior esperança para um momento inesquecível no Oscar deste ano. Se isso aconteceu ao ganhar o BAFTA depois de trinta anos e catorze indicações, imaginem as possibilidades se ela ganhar o Oscar depois de 29 anos e dezessete indicações?

O que ela esqueceria no caminho do palco?

Por Júlia Albuquerque.

Fonte: Área 42